 “Que excelente exemplo do poder do vestuário o jovem Oliver Twist constituía! Envolto no cobertor que até então fora toda a sua roupa, tanto poderia ter sido o filho de um nobre como o de um mendigo e teria sido difícil ao mais arrogante desconhecido adivinhar a sua correta posição na sociedade. Mas agora, com a roupa de velho pano de algodão que o uso amarelara, estava marcado e etiquetado e o seu lugar estava imediatamente aos olhos: era uma criança da paróquia, um órfão nascido num asilo, um humilde e meio esfomeado burro de carga que passaria a vida a levar sopapos e encontrões, alvo do desprezo de todos e sem inspirar compaixão a ninguém.
Oliver chorou vigorosamente. Se soubesse que era órfão, abandonado às ternas mercês de curadores de igreja e inspectores, talvez tivesse chorado com mais força.” (DICKENS, Charles. Oliver Twist. Tradução Fernanda Pinto Martins. Capítulo I (“Trata do lugar onde Oliver Twist nasceu e das circunstâncias relacionadas com o seu nascimento”). Mem Martins: Europa-América, 2005, p. 15). |