“– Louvado seja Deus! – exclamou o cavalheiro, e agarrou o Sr. Bumble pela lapela de debrum dourado da sobrecarga oficial. – Era a esse respeito que lhe queria falar. Sabe... Jesus, que elegante botão, Sr. Bumble! Nunca tinha reparado.
– Sim, também acho muito bonito – concordou o bedel, e olhou orgulhosamente para baixo, para os grandes botões de latão que lhe embelezavam a sobrecasaca. – O cunho é o mesmo do sinete paroquial: o Bom Samaritano a curar o homem doente e ferido. A junta ofereceu-me a sobrecasaca na manhã do dia de Ano Novo, Sr. Sowerberry. Lembro-me de que a estreei para comparecer no inquérito acerca daquele negociante empobrecido que morreu num portal à meia-noite.
– Bem me lembro. O júri deu o seguinte veredicto: «Morte por exposição ao frio e carência do essencial à vida», não foi?
O Sr. Bumble acenou afirmativamente.
– Veredticto que tornaram especial, creio – prosseguiu o cavalheiro –, ao acrescentarem algumas palavras no sentido de que, se o funcionário do turno...
– Caluda! Que tolice! – interrompeu-o o bedel. – Se a junta desse ouvidos a todos os disparates de jurados ignorantes, não lhe sobraria tempo para mais nada.” (DICKENS, Charles. Oliver Twist. Tradução Fernanda Pinto Martins. Capítulo I (“Trata do lugar onde Oliver Twist nasceu e das circunstâncias relacionadas com o seu nascimento”). Mem Martins: Europa-América, 2005, p. 37). |