Alguns já devem ter ouvido falar de uma estranha comparação estatística, frequentemente utilizada para se analisar as desigualdades nas nações. Trata-se das comparações entre os 10% mais ricos de um país e os 60% mais pobres. Abaixo segue um texto bastante esclarecedor sobre isso. Possível questão de vestibular... ATANÇÃO!
"Como regra geral (existem pouquíssimas exceções), as desigualdades sociais nas economias periféricas ou subdesenvolvidas são bem maiores que nas nações desenvolvidas. Na Colômbia por exemplo apenas 2,6% da população possui cerca de 40% das riquezas do país; no Chile, somente 2% dos proprietários possuem 50% das terras agrícolas; e, na Namíbia, os 10% mais ricos da população concentram 64,5% de toda a renda nacional. É claro que desigualdades existem em qualquer lugar do mundo, mas em países subdesenvolvidos elas são maiores e com freqüência muito grandes. Isso quer dizer que nos Estados do Terceiro mundo, os ricos são mais ricos e os pobres mais pobres em comparação com o restante do mundo. Nos países desenvolvidos, geralmente, os 10% mais ricos ficam com parcelas da renda nacional que variam de 21,3% (como Dinamarca) até no máximo 29% (nos Estados Unidos). E os 60% da população com menor renda, nesses países, ficam geralmente com parcelas de renda nacional que variam de 41,2% (na Dinamarca) até um mínimo de 31,8% (nos Estados Unidos). Nos países periféricos, pelo contrário, os 10% mais ricos da população possuem u mínimo de 23% da renda nacional (como na Índia) até um máximo de 64,5% (na Namíbia); por outro lado, os 60% mais pobres com uma percentagem da renda nacional que varia de 37,5% (na Índia) até um mínimo de 9,8% (na Namíbia). Na tabela a seguir temos mais alguns dados para ilustrar esse fato em três países subdesenvolvidos e três desenvolvidos. *O índice Gini é uma fórmula internacionalmente aceita, que mede as desigualdades sociais na distribuição de renda. Ele varia de 0 (uma situação utópica ou apenas ideal, ou seja, uma nação com uma distribuição de renda perfeita, sem qualquer desigualdade) até 1 (o oposto, a maior desigualdade social teoricamente possível); porém, nesta tabela, trocou-se 1 por 100. Dessa forma as nações subdesenvolvidas não são apenas (em vários casos nem principalmente) pobres, mas também injustas. E, por outro lado, essa menor desigualdade social que existe e países desenvolvidos não é algo que sempre existiu – pelo contrário, eles tinham no passado, até inícios do século XX, desigualdades que, às vezes, eram até maiores que as que ocorrem hoje no Terceiro Mundo – ; ela resultou de conquistas sociais: lutas por melhores condições de trabalho por seguro desemprego, previdência, etc. Veja estes exemplos: Na França, os 10% mais ricos da população detinham 30% da renda nacional em 1970 e hoje possuem 24,8% desse total; e os 60% mais pobres, que dispunham de apenas 25% desse montante em 1970, hoje possuem 37%. Na Itália, os 10% mais ricos concentravam 29% da renda do país em 1970 e, hoje, dispõem de 23% desse total, enquanto, no lado oposto, os 60% mais pobres tinham 33,6% em 1970 e hoje têm 38,3%."
(VESENTINI, José William. “Sociedade e Espaço: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2005, p. 41) |