A entrevista abaixa narra uma maravilha. Tudo é bom, bonito, moderno, em fim, a solução. Pena que se trata de uma lenda. As lendas, felizmente, ou neste caso, infelizmente não são verdades. Só uma palavra rápida quanto ao plantio de “espécies nativas”. Isso, na natureza nunca se daria da forma como é feita pelo homem. Reflorestamento é sempre reflorestamento. Trata-se de uma tentativa de o homem salvar aquilo que está destruindo. A palavra de ordem continua sendo, ainda hoje, PRESERVAR. Para fechar deixo algumas questões:
"Preservação Seqüestro de carbono LETÍCIA DUARTE/ Enviada especial/Cotriguaçu (MT)
Enquanto 18% dos gases causadores do efeito estufa global são emitidos por veículos, um projeto-piloto desenvolvido pela montadora Peugeot na Floresta Amazônica busca alternativas para compensar a poluição.
Com ações de reflorestamento e monitoramento de plantas, a iniciativa mantida há cinco anos pelo grupo francês pretende ajudar a natureza a seqüestrar carbono da atmosfera, reduzindo o impacto das agressões ambientais.
Intitulado Poço de Carbono, o projeto funciona em uma fazenda de 10 mil hectares, área equivalente a uma vez e meia a cidade de Paris, no município de Cotriguaçu, norte do Mato Grosso. Desde o início das atividades, a antiga propriedade desmatada ganhou mais de 2 milhões de mudas de espécies nativas, que hoje se encontram em fase de crescimento e servem como laboratório vivo para experiências científicas.
Por meio de equipamentos semelhantes a placas solares, dispostos na propriedade, os pesquisadores medem os níveis de concentração de carbono absorvida pela jovem floresta e estimulam o plantio de espécies com maior potencial de retenção.
A absorção de carbono passou de 1,5 tonelada para quatro
Com duração prevista até 2038 e um orçamento estimado em 10 milhões de euros (aproximadamente R$ 27 milhões), o trabalho começa a mostrar frutos. Segundo o engenheiro agrônomo Paulo César Nunes, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pesquisador de monitoramento de carbono da fazenda, a média observada ali é de quatro toneladas de carbono absorvidas por hectare/ano. Antes, a média de absorção era 1,5 tonelada por hectare/ano. Das mais de 50 espécies nativas plantadas, as campeãs na retenção de carbono são árvores que também embelezam a paisagem: ipê-rosa, figueira branca, aroeira e paineira.
- A experiência é inédita, não tem ninguém medindo carbono em área de reflorestamento no Brasil. Árvores em fase de crescimento têm maior capacidade de absorção - afirma Nunes.
Desde 2000, foram identificadas mais de 500 espécies de animais no local, contabiliza o engenheiro florestal Vespasiano Assumpção, coordenador do projeto. Entre os parceiros do estudo, estão o Serviço Nacional de Florestas da França, a Universidade Federal do Mato Grosso e a Universidade Estadual do Mato Grosso.
Apesar dos bons resultados, o presidente mundial da Peugeot, Jean-Martin Folz, garante que a montadora não pretende lucrar com o projeto, nem negociar créditos de carbono no mercado (negociação permitida pelo Protocolo de Kyoto).
- Esse projeto é um mecenato científico e ecológico - assegura Folz.
Como Folz admite, não se trata de bondade. A redução da emissão de poluentes é vista como uma necessidade para garantir o futuro do negócio automobilístico - e da própria sociedade.
A repórter viajou a convite da Peugeot" |