O presente autor foi, nesse feriado (1º maio), ver o filme
Homem de Ferro. Diferentemente de
Jumper (
vide postagem anterior), é um filme sobre super-herói, e, o que é melhor, sobre
super-herói de verdade.
O Homem de Ferro, aliás, é um super-herói da década de 60, mais especificamente 1963, ano de sua criação por
Stan Lee.
O argumento do filme não é nada mal: Tony Stark é um inteligente engenheiro e empresário norte-americano. Tony leva uma vida ao estilo norte-americano rico; fútil e preocupada com a maximização dos lucros. O seu negócio é vender armas tecnológicas que são compradas pelos exércitos de outros países. Faz isso, segundo ele, para “
proteger as pessoas”.
Tudo muda, porém, quando o Stark é sequesrtrado por uma facção terrorista auto-intitulada “100 anéis”, que passa a obrigá-lo a reconstruir uma de suas mais mortíferas armas, o míssel “Jericó”.
No cárcere, ao invés de construir o afamado míssel, Stark constrói uma poderosa armadura blindada e foge, matando alguns dos terroristas. Voltar-se-á à questão terrorista adiante.
O filme prossegue com o retorno de Stark ao mundo dos negócios, ocasião onde ele anuncia o fim da produção de armas, arranjando, com isso, seu primeiro e clássico inimigo, Obadiah Stane, seu sócio nas empresas. Stane, ambicioso traficante de armas, com o tempo, consegue reproduzir a primeira armadura de Stark, transformando-se no “
Monge de Ferro”.
Este é o ponto alto do filme: Stark, percebendo que as armas que fabrica vão, no final das contas, parar nas mãos de criminosos, decide fazer justiça com sua armadura, agora aprimorada. Com isso, vira, de vez, o Homem de Ferro. A frase-chave, neste ponto, é algo assim: “
As armas que eu vendo para proteger as pessoas estão matando-as. Tenho que proteger as pessoas das armas que eu criei para protegê-las!”.
Voltando à questão questão terrorista, cumpre dizer que este é um grave erro do filme. Os produtores da película transformaram os criminosos receptores das armas de Stark em terroristas muçulmanos, repetindo, assim, o ranço contra o
Islão. Esse ponto é digno de nota por duas razões muito intrigantes:
Primeira: os muçulmanos acossiados ao mal, no filme, indicam que as
HQ´s são utilizadas como geradoras e divulgadoras de certas ideologias. E isso não é nenhuma novidade, basta lembrar as revistas do
Capitão América, especialmente a edição onde o mencionado herói joga, com um soco,
Adolf Hitler dentro de uma lata de lixo. Sabe-se que mencionado número da revista do América inlfuenciou toda uma geração de crianças, jovens e até adultos (
com relação ao entretenimento e sua influência sobre as crianças, ver postagem anterior). Ainda com relação às
HQ´s e sua mensagem geopolítica legitimadora, basta lembrar os quadrinhos do Fantasma, que lutava contra os terríveis
pigmeus; nítido meio para se legitimar a colonização dos ingleses na África. Para Viana (2004), aliás, era o que acontecia com as revistas do
Tarzan:
Tarzan, um nobre inglês, é o rei das selvas africanas, dos “macacos” e nativos, que se depara com civilizações antigas, exóticas, e promove a justiça e a ordem. Por detrás da máscara de “missão civilizadora”, o que temos é uma missão colonizadora.
Segunda: o filme não é fiel às origens. Originalmente, na década de 1960, os criminosos que seqüestravam Stark eram os
vietcongues (não por acaso, pois, na época, os norte-americanos estavam em guerra contra o
Viatnã). Isso denota, novamente, uma forte tendencia ideológica.
No mais, o filme traz, pelo menos, o retorno do verdadeiro
super-herói, aquele que com seus superpoderes tenta salvar o mundo.
Como palavras finais, parece ser oportuno dizer que o Homem de Ferro não possui superpoderes, tais como os do
anti-herói jumper. Sua única força está na sua armadura, e, apesar disso, ele resolve lutar contra o mal.
Assim sendo, tirando o fato lastimável de, no filme, o mal ser representado por muçulmanos, e, também, sabendo-se que um filme desses sempre tem, por trás de si, uma forte ideologia, pode-se destacar, como fator positivo, o fato de o filme trazer o retorno do verdadeiro super-herói: aquele que procura salvar o mundo.
REFERÊNCIASVIANA, Nildo.
Revista Espaço Acadêmico. n. 35, abrl/2004. Disponível em: <
http://www.espacoacademico.com.br/035/35cviana.htm>. Acesso em: 02 maio 2008.