Com atraso, e ainda que rapidamente, gostaria de comentar o boicote que alguns dos futuros “colegas” meus fizeram à prova do ENADE. No ano de 2008, os graduandos em Geografia da PUCRS – alguns – resolveram entregar as suas provas em branco para que, em virtude disso, a Universidade, especificamente o curso de Geografia, ficasse com uma nota baixa. Pois bem, eles conseguiram o que queriam: a Geografia da PUCRS tirou nota 3. Em todos os outros anos e em todas as outras avaliações federais, o curso de Geografia da PUCRS tirou a nota máxima: 5. O que mudou!? Não posso admitir e convencer-me que a PUC tenha pior estrutura e corpo docente do que muitas das Universidades que ficaram à sua frente. Não gostaria, e nem quero (e de fato não estou) desmerecendo nenhuma das Universidades do norte e nordeste do país. Mas fato é que a PUC não é pior do que elas. Então, repita-se a pergunta, o que mudou!?
Mudou a mentalidade e a conduta dos acadêmicos – alguns – que pensam que “queimar” seu próprio curso pode ser, de alguma maneira, bom para eles. Francamente, não sei qual é a lógica, o raciocínio que convenceu tais estudantes a acreditarem em tal disparate. Imaginemos: você faz um investimento de, no mínimo, cinco anos (às vezes mais: muito mais, no caso de alguns) – um curso superior é um grande investimento –, e, ao invés de valorizar o seu investimento (o dinheiro saído do seu bolso), a pessoa opta por desvalorizá-lo. Que lógica é essa!?
Não devemos suspeitar, deveriam ter pensado os estudantes, que pessoas que estão fazendo a campanha para o “boicote”, algumas delas, têm seus cursos pagos pelos pais (e, portanto, não estão nem aí para o seu investimento), e, em alguns casos, são estrangeiras!? Que interesse esse tipo de gente têm em ver o seu próprio curso mal avaliado!?
Infelizmente, há pessoas que compram idéias ditas “de esquerda”, “revolucionárias” (alguns chegam à imbecilidade de falar em marxismo) e isso se transforma em um dogma pior do que o dogma dominante que elas tanto criticam, e, contra o qual até devem lutar, mas com as armas e os instrumentos certos sob a pena de ver o seu projeto de transformação do mundo e o seu projeto de vida malogrado... Mas, termino dizendo, para quem não tem nada a perder, o “perder” demagógico, incoerente e fariseu é a “pimenta no olho do outro”, o “circo pegando fogo” acerca do qual, certas pessoas, sem compromisso algum, adorarão se rir, pois alguns tolos caíram no seu “canto de sereia”...
Para concluir de vez, pergunto aos acadêmicos (hoje formandos) que vantagem vocês tiveram com isso!? Que vantagem tiveram em boicotar a prova do ENEM!? Com que face vocês ficarão frente a um entrevistador de emprego, quando ele vos perguntar: “qual era seu engajamento social na Universidade?”, “o que pensas e trazes de seu curso?”. Responderão, por acaso: “lá era tudo uma droga!!!” – Duvido! Em caso positivo, que é o que interiormente pensa quem boicotou a prova do ENADE, por que não buscaram outra Universidade!? Os incomodados não devem se retirar?
No mundo da incoerência, como bem se diz, as pessoas adoram se esconder por detrás de máscaras, e, muitas vezes, alimentam-se abundantemente para depois, cuspir no prato... Esses são os colegas, novos professores de geografia, que estão entrando no mercado de trabalho?! Aguardem!
Para ir além e refletir:Em 11 de junho de 1963, o monge tibetano Thic Quang Duc, para protestar contra a política do governo de Ngo Dihn Diem, ateou fogo ao próprio corpo, vindo a morrer em virtude dos ferimentos. O fato se deu em Saigon, no Vietnã, que, na época, estava em guerra contra os EUA. Pergunta-se: essa é a melhor maneira de se lutar!? Acabando com a própria vida!? Ou, o melhor seria acabar, gastar a vida com uma luta coordenada e inteligente (o que, certamente, traria muito mais prejuízo para a parte contra a qual se está lutando)!? Pensemos sobre...
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Muito bom, pena que alguns colegas ditos revolucionários pensam de forma tão pequena, prejudicando não só a eles, mas um grupo de estudantes que trabalha o dia todo e sabe a dificuldade de conciliar trabalho e estudo, na busca de uma capacitação profissional. Devemos reivindicar de forma consciente, não dando tiro no pé...