Por esses dias, disse aos meus estudantes: “a gente vê cada coisa em nosso país que somos levados a erguer máximas, tais como, ‘nosso país não é sério’, ‘vivemos num mundo de aparências’... Entra dia e sai dia, e nos deparamos com provas do ENEM vazadas; fatos que nos fazem perder a confiança, já há tanto enfraquecida, em processos seletivos como os dos concursos públicos e Exames Vestibulares. Ao saber de políticos corruptos (algo bastante comum hoje em dia), acabamos por pensar que a Política “já era”, alcançou seu fim, ou algo assim: “nunca será possível ‘limpar’ a Política, visto tamanho encardimento que impregna as Câmaras e Congressos"... Ao vermos doutores, pessoas altamente formadas, fazerem coisas extremamente incoerentes para com as alturas de seus títulos, jogados somos ao chão da descrença em relação à sociedade e às outras pessoas que nela atuam: em quem confiar!? A quem delegar e confiar coisas tão importantes e caras a nós mesmos, como as nossas próprias vidas e futuros!? Presidentes?! Governadores!? Senadores!? Deputados!? Prefeitos!? Juízes!? Delegados!? Policiais!? Em quem confiar em tempos em que até a própria polícia falha, embebida em corrupção e incompetência!?
Ao pobre é oferecida, há muito, uma solução, como propõe a “Madalena” de Gilberto Gil: “[...] há um recurso madalena/ entra em beco sai em beco/ há uma santa com seu nome/ entra em beco sai em beco/ vai na próxima capela/ e acende um vela/ pra não passar fome”.
Mas, eis que, em meio a minha fala, algo brilhou em meu entendimento. Vislumbrei algo dentro desse sombrio quadro atual. Vislumbrei o algo-pelo-que-lutar! Vemos nos filmes épicos, no dos mosqueteiros, por exemplo, que eles tinham um ideal, tinham algo pelo que lutar, tinham algo a defender: uma causa – e é por isso que esse tipo de filme tende a nos deixar tão agitados, e, de certa forma, ativos!
Ao jovem de hoje, por culpa da grande mídia, é roubado o espírito da construção de um ideal. Nossos estudantes tendem a achar que não há mais pelo que lutar. “ As coisas são assim desde o tempo de nossos pais”, pensam. “ Logo...”, prosseguem eles, “ ... não há o que fazer para mudar!”. Alguns, tão inebriados estão com o que a grande mídia que acabam concordando com ela, e aceitam serem coisificados. Assim, concordam em serem “clientes”, ao invés de cidadãos! Assumem serem “produtos”, eles próprios, ao invés de pessoas (Cf. Milton Santos em " Por uma outra globalização: do pensamemto único à consciência universal")!
Mas há um mundo melhor a ser construído. Se o mundo que vemos não é o que queremos, devemos, nós mesmos, e, muito mais os jovens, lutar por algo novo, um mundo melhor... Há como dizer um NÃO bem grande ao que a razão ardilosa nos propõe. A mudança ainda está em nossas mãos...
Utópico!? Piegas!? Louco!?
Não!
Heróico! Valente! Corajoso!
Jovem! O mundo nunca esteve tão ávido de pessoas coerentes, dispostas a transformá-lo! Vislumbrem isso diariamente, das páginas dos jornaism, aos noticiários de televisão; da escola, à vida real lá fora: a oportunidade para uma mudança positiva começará e partirá de você. Esteja preparado!!!!!!
Abração,
Prof. Donarte.
Charge de Edgar Vasques, que ilustra a matéria intitulada "Falta freio ético na República do Jeitinho" do SINPRO/RS, ano 14, nº 137, setembro de 2009.
É um Conselho de Ética assim que queremos!?
Pensemos sobre...
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