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Globalização e Internet: o local e o global |
A globalização é termo de difícil definição. Segundo Held e Mcgrew (2001) não existe uma definição única e universalmente aceita para tal expressão. Os teóricos franceses (como Morin) preferem chamar de “mundialização”; fazem isso para dar ênfase às características negativas do processo. É sabido que a globalização faz com que muitas dimensões da sociedade humana interpenetrem-se. Economia e cultura, por exemplo, estão, hoje, totalmente interconectadas com o todo do global. Muitos vêem isso negativamente: A homogeneização cultural é o grito angustiado daqueles/as que estão convencidos de que a globalização ameaça solapar as identidades e a ‘unidade’ das cultuas nacionais. Entretanto, como visão do futuro das identidades num mundo pós-moderno, esse quadro, da forma como é colocado, é muito simplista, exagerado e unilateral. (HALL, 2001, p. 77) Conforme muitos pensadores, esse “monstro” (a globalização) possui muitas “caras”. Dentre elas a Internet seria uma das mais “feias”. A Internet é frequentemente atacada, acusada de acabar com as identidades locais... Será isso assim, mesmo? A globalização acaba, realmente, com as identidades locais? Atualmente vê-se fenômeno interessante com relação à Internet. Veja-se o exemplo de sites como o inventado por Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, o You Tube. Esse site, e muitos outros, estão permitindo que, ao contrário do que se imaginava, as identidades locais sejam mais valorizadas. Uma recente matéria publicada pela BBC Brasil.com mostra que os vídeos online estão mudando o hábito das pessoas. Obviamente é fato que está recém iniciando, mas que, em breve, irá mudar toda a mídia: TV, rádio, jornal, revistas, etc.
Analisando tudo isso através do viés cultural é interessante ler, ainda, o que nos escreve Hall:
[...] ao lado da tendência em direção à homogeneização global, há também uma fascinação com a diferença e com a mercantilização da etnia e da “alteridade”. Há, justamente com o impacto do “global”, um novo interesse pelo local. (HALL, 2001, p. 77) Parece que, de alguma forma, muitos aspectos da Internet já convergem para o local, o bairro, o grupo de amigos, a cidade e seus lugares, etc. Parece-nos que Hall acertou em intitular um dos capítulos de seu livro ( A identidade cultural na pós-modernidade) de “O global, o local e o retorno da etnia”, pois, nota-se, o “monstro” da globalização, numa de suas formas mais "ameaçadoras" – a Internet –, dá sinais de que há, ainda, muito espaço para o bairrismo, enfim, para a cultura local. Referências:HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2001, p. 77
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Por SANTOS JÚNIOR, D. N. dos - segunda-feira, novembro 27, 2006   |
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